quarta-feira, 11 de abril de 2007

Inferno lotado

Às vezes, é preferível saber-se errado a concordar com os imbecis

E pior é que os imbecis podem, sim, ter razão e boas intenções. Ontem, numa aula prática de cidadania e respeito à liberdade individual, fui forçado a descer de um ônibus para participar de um “ato democrático”.

Para ilustrar: “não adianta ficar no ônibus, não adianta insistir, se não descer todo mundo, não tem assembléia, a gente fica aqui o dia todo” ou – contra uma moça que perguntou da democracia – “moça, democracia é o povo todo na rua, brigando pelos nossos direitos.”

Eu sei que nenhum dos dois sabe exatamente o que é democracia. E sei que a Emenda 3 cheira a oficialização do abuso contra os direitos trabalhistas. Mas também sei que nem ela nem eu queríamos descer do ônibus.

Em poucos segundos, entendi o ressentimento que existe contra as pessoas – muitas hoje no poder – que conseguiram tantos avanços sociais utilizando-se de métodos por vezes discutíveis. É a velha história do jogo político, repetindo-se tediosamente, com promoção pessoal e papagaida no palanque, coação coletiva e manipulação barata. Mas o pior, como sempre, é o avilte à minha inteligência, com os onipresentes gerúndios e os argumentos descabidos.

Passada a raiva, a contrariedade reflexiva. É lícito forçar povos ou indivíduos a evoluir, impingindo-lhe benefícios reais contra a sua vontade? Catequização dos índios, islamismo ortodoxo e intolerante, invasão de Bagdá, castração feminina na África, sistema de castas na Índia, movimentos neo-nazistas, a sua vizinha que dá metade do salário pro pastor, por aí vai.

Ainda nada de novo, eu sei. Mas sou apenas um ingênuo principiante.

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