segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Milão

É muito diferente conhecer uma cidade como morador ou como visitante. E mais ainda quando o propósito da viagem é simplesmente passeio e compras. Essa diferença ficou clara para mim em Milão. Constantemente, ouço as pessoas compararem-na a São Paulo. De fato, as semelhanças são evidentes. Mas acho que como ex-morador e eventual visitante a trabalho, a minha imagem da metrópole brasileira já está muito maculada pela fumaça, pela sujeira, pelos intermináveis subúrbios.

De todos os destinos do meu roteiro mediterrâneo, Milão é o que menos me despertava interesse, provavelmente influenciado por essa comparação com São Paulo. Quando me lancei ao Google, procurando atrações na mais rica cidade italiana, minhas expectativas começaram a crescer. Quando cheguei, as impressões foram as melhores possíveis. As ruas de pedra, as pessoas bem vestidas, os edifícios baixos, os bons restaurantes.




Acho que Milão se tornou minha referência européia. Mesmo não sendo o lugar mais interessante ou mesmo bonito que visitei, acabou sendo aquele que mais tenho vontade de voltar.






Milão é, antes de mas nada, o Duomo. Essa impressionante catedral – a 3ª maior do mundo, me dizem – é visível de muitos pontos da cidade e se torna uma referência inevitável para o visitante. A praça que a cerca é bela, e sempre lotada.




Nos arredores, a galeria Vittorio Emanuelle, com lojas e restaurantes que fazem a alegria dos turistas, antigos palácios convertidos em prédios públicos, o Scala. Mais longe um pouco, igrejas lindíssimas, museus, o Castelo Sforzesco. Quem leu a excelente biografia de Visconti por Schifano já percorreu esses lugares com a mente.






Tive pouco tempo para os museus, selecionei três pelas informações do Google.

A pinacoteca Ambrosiana, no edifício duma bela igreja, foi uma surpresa positiva, com um esboço da Escola de Atenas de Rafael, um singelo Leonardo, um Ticiano, um Botticelli e alguns divertidos quadros dos miniaturistas Bril e Brueghel, possivelmente a melhor parte.



O Poldi Pezzoli, pela fama e por se seguir à Ambrosiana, decepcionou um pouco, mas agradou aqueles que preferem objetos a quadros. É uma casa-museu e a entrada é bonita. Tem uma sala de armaduras, uma de relógios, algumas pequenas esculturas.





O grande museu milanês é a Pinacoteca di Brera, sem dúvida. Ali eu me achei. Não adianta, meu negócio em museu são os quadros. E na Brera, temos centenas deles, grandes, lindos. São 39 salas amplas, os artistas em ordem cronológica. Não me sai da lembrança o São Jerônimo de Ticiano, o Casamento da Virgem de Rafael, São Marcos Pregando em Alexandria, de Bellini, um Caravaggio (um de meus pintores favoritos, fartamente reencontrado na ilha de Malta, alguns dias depois), um Rubens. Quadros e mais quadros, um lugar imenso, para se passar dias inteiros.





A volta para o hotel, à noite, foi por uma bairro de cafés e restaurantes, vendedores de calçada e igrejas iluminadas. Como não se encantar?