quinta-feira, 6 de março de 2008

Dylan e eu

Bob Dylan foi uma das primeiras coisas em termos de arte cultura que eu gostei por mim mesmo (na medida em que isso existe). Até então, meu gosto musical era o dos meus pais, eventualmente de alguns amigos. Descobri Dylan nos créditos de um LP da minha mãe. Peter, Paul & Mary, provavelmente. Escarafunchei, arrangei o CD de 30 anos de carreira, com caras como Eric Clapton, Eddie Vedder, George Harrison. Aquele CD virou referência para mim, um ponto de partida para meu gosto musical próprio. Ainda curto MPB, Beatles e música clássica, mas desde então eu desenvolvi minhas prórpias preferências. Coisa importante prum moleque de uns 12, 13 anos.

Em 1998 tirei a carteira, peguei o carro emprestado dos meus pais e fui dirigindo sozinho (pela primeira vez) para o show do Dylan no Opinião, em Porto Alegre. Dez anos atrás. Ontem peguei meu próprio carro, atravessei a rodovia dos Bandeirantes para assistir o Dylan no Via Funchal, em São Paulo. Eu poderia escrever umpost sobre cada música, sobre as letras, os arranjos do show, a integração com outros fans. Vou poupá-los.

Meu gosto musical não é só meu. Porque não o criei sozinho, porque não é exclusivo. Como tudo que temos na vida, é uma pequena e insignificante parte de tudo que está a nossa volta, mas representa um pequeno tesouro para nós, que o contemplamos com orgulho.

Pra quem gosta, e estiver disposto a agüentar meu limitado inglês autodidata, dê uma olhada na resenha e no set list do show de ontem. O site é fruto de colaborações semi anônimas ao redor do mundo. É meu conhecido a anos, considerado o principal meio de acompanhar as turnês do Bob, e recomendado para esse fim pelo próprio site oficial do artista. Eu o acessava semanalmente esperando confirmações e boatos sobre a chegada de Bob ao Brasil.

No show que assisti em 98, a resenha é do Eduardo Bueno, o Peninha, escritor conhecido nacionalmente por seu humor, seu conhecimento de história e péssimo gosto futebolístico. O que poucos sabem é que Peninha é um especialista em Dylan. Um boato antigo dá conta que ele quase conseguiu autorização para uma biografia oficial há alguns anos, coisa considerada impossível até hoje (o Cameron Crowe também já foi enquadrado nesse rumor).

Hoje, a resenha é a minha. Pior para os (pouquíssimos) leitores. Mas eu vou poder, de vez em quando, contemplar em silêncio uma pequena demonstração pública do meu gosto, das minhas preferências, da minha individualidade.

Nenhum comentário: