sexta-feira, 11 de julho de 2008

O que Saulo pensa do mundo e outras histórias



Esse blog segue provando sua inutilidade ao comentar um livro lançado há uns seis meses e lido há três. E mais: superficial e escrito às pressas. O post, explica-se.

Código da Vida, do super-advogado Saulo Ramos, narra uma disputa familiar muito interessante, mas que se encontra muito dispersa no livro. No texto, as memórias de Saulo tem a primazia, nem poderia ser diferente. Saulo Ramos com certeza tem muita histórias para contar. Essa e a melhor parte de seu livro. Ele não conta de ouvir falar. Estava lá.

Mas do ponto de vista literário, Código da Vida é bem fraco, a começar pelo título. Mesmo sendo extremamente culto, Dr. Saulo mostra que não desenvolveu bem seus recursos literários, especialmente os narrativos. Alguns diálogos são muito discursivos, as transições para os flash-backs são forçadas. Ramos não se alonga na caracterização de seus personagens, que em geral são apresentados com elogios nada descritivos e algo constrangedores. Um dos personagens me parece inventado. Nada demais, um recurso aceitável para esse tipo de livro, mas o problema é que Saulo usa ele para expor a maior parte de suas opiniões, o que soa pouco honesto. Essas opiniões – embasadas em anos de convivência com apolítica e intimidade com as leis – são, em geral, bem articuladas e coerentes com as posições assumidas pelo homem público.

Amigos de Ramos (disfarçados de críticos literários) louvaram o ecletismo dos temas abordados e os poucos comentários jurídicos mais profundos, como se isso pudesse estragar o livro. Não sei se sou só eu, mas de um advogado, prefiro ouvir sobre leis do que sobre o Bush. Paciência.

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